Vimos até aqui que a Cultura Organizacional é algo particular
e único e, por isso, cada empresa tem a usa, de acordo com suas necessidades.
Porém, há alguns casos que fogem do padrão e violam a moral e a estabilidade do
colaborador. Foi o que aconteceu com a Ambev - Companhia de Bebidas das
Américas.
A empresa é conhecida por, em sua cultura, defender a forte
competição entre os funcionários. Para isso, conta com cursos de MBA oferecidos
a funcionários com grande potencial – e aqui já começa o clima de competição:
apenas os melhores podem participar do curso. O que deveria ser uma bela
iniciativa por parte da organização se transforma em um imenso ambiente de
disputa, onde a cada pergunta respondida erroneamente, tomates de pelúcia voam
no respondente – a técnica aplica-se também para perguntas tolas. Além disso,
apelidos pejorativos (como Pato Novo) são dados aos funcionários que se comportarem
de maneira considerada ingênua. E o mesmo acontece com a alta administração, a
fim de provar que a empresa não pretende ser tradicionalmente hierarquizada.
Segundo um ex-funcionário da Ambev, "na AmBev, as
pessoas não dão 100% do seu potencial, dão 150%". Se por um lado isso faz
com que os colaboradores tentem superar seus desafios, por outro quem não
consegue alcançar objetivos não pode fazer parte da equipe. Excesso de
competição faz com que os colegas de trabalho se olhem como rivais e passem a
se odiar.
A Ambev defende que seus números são a prova de que esse
sistema de hipercompetição funciona e que os perfis contratados se adequam a
esse método. Mas até que ponto os lucros são mais importantes do que a imagem
da empresa? Será que, de fato, os profissionais aprovam a cultura da empresa?
Não faz muito tempo, a Ambev foi processada por um
ex-funcionário que foi obrigado a participar de uma reunião com garotas de
programa. As mulheres entraram na sala de reuniões, fazem strip-tease, os
homens podem tocar nelas e até levá-las para outros lugares (como motel, por exemplo).
A questão é: todos eles desejam isso? Pelo visto, não. A empresa foi obrigada a
pagar indenização a Elcio Milczwski, 34 anos, por assédio moral.
Em relação ao caso citado acima, a Ambev relatou: “A
companhia, que conta com mais de 32 mil funcionários no Brasil, não tolera
práticas indevidas com seus funcionários. Casos antigos e pontuais não refletem
o dia a dia da empresa”.
Ao longo dos anos, a organização foi processada por outros
casos de assédio moral, como veremos na tabela abaixo:
Ano
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Caso
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2004
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Ex-funcionário processa a empresa por ser obrigado a passar no “corredor
da morte” (fileira de pessoas agredindo quem passa pelo meio) e sofrer
xingamentos.
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2006
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A empresa foi condenada por assédio moral coletivo por humilhar
funcionários que não atingiram metas.
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2007
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O Ministério Público do Trabalho acusou a Ambev de maus tratos,
agressões verbais e opressão de funcionários.
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2009
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Ex-funcionário era humilhado, tendo que usar perucas e acessórios femininos,
como batom, na empresa.
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2010
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Ex-funcionário é indenizado por ser obrigado a cantar o hino na
empresa aos gritos e com diversos palavrões.
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2012
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Funcionário indenizado por ser obrigado a usar fralda geriátrica, passar
pelo “corredor da morte” e fazer flexões.
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